Arte e Design como expressão (e raiva)

Texto de Jotapê

 

O silêncio incomoda mais

que minhas verdadeiras palavras,

nem toda poesia tem sentido

se não for traduzida pelos olhos.

Toda revolução, deve ser feita

ao vivo!

Aos VIVOS.

Nenhuma homenagem,

devem ser feitas ao passado

TRÁGICO.

 

Falar sobre um movimento ao qual sempre me senti parte, como pensamento e método de ensino para as artes visuais nas disciplinas da faculdade que leciono, sempre foi um desafio, não pela abordagem ao tema, e sim pela preocupação com a repercussão que esse posicionamento traria no meu convívio entre amigos e familiares, mas isso é se manter em silêncio, ele incomoda e muito.

O Artista, o ser criativo, inteligente e sobrevivente numa sociedade que sempre buscou julgar as pessoas sem nenhuma poética de estética.

Desde então eu vi nascer (ou renascer) um movimento de revolta, de grito dos excluídos, de uma classe cultural que sempre teve que lutar por recursos, conhecimento, posicionamento e fomento. E durante anos esses grupos se juntaram para fazer política em sua arte, seja ela de forma falada, musicada, em imagens e até mesmo com o próprio corpo, na dança ou performance.

O Artista, o ser criativo, inteligente e sobrevivente numa sociedade que sempre buscou julgar as pessoas sem nenhuma poética de estética. O papel do artista foi durante muitos “ismos”, criar, expressar as coisas normais do mundo “real” em sensações. Muito se estudou e criou através de uso de formas geométricas, ou usando cores fortes e sensíveis, chegando a criar universos quase que reais como o olho humano consegue ver, e claro um mundo inimaginável que surge da cabeça do artista, algo tão surreal como o abandono de classes, seja em políticas sociais ou na ausência de populações periféricas, não só da classe artística.

Usar da Arte como forma de revolta visual, em imagens claras, rápidas e fortes, assim como um designer trabalha em um projeto de comunicação ou identidade visual, não é algo novo. É um processo orgânico, que parte daqueles sensíveis àquilo que compreendemos como ato falho de governanças no mundo.

A origem de um movimento que faz parte de uma sociedade de pessoas cansadas, sem voz, sem políticas sociais e culturais que convivem sob a tutela de seres que tentam apagar seu fomento de direito e atuam em projetos e pautas desumanas com violência constitucional e ódio direcionado. Surge então da união de profissionais espalhados por todo o país e representados em alguns lugares do mundo, o Designativista como base no artivismo, em fazer da sua arte, suas ferramentas visuais, ou audiovisuais como forma de expor tudo e todos aqueles que têm trabalhado no extermínio de classes e credos como um Projeto de Governo. E hoje na minha opinião é um espaço, um grupo, uma sociedade civil com papel importante de trazer a tona, as verdades que doem quando são ditas, um grito visual trazendo empatia a tantos problemas que vivemos no Brasil e no mundo.

A melhor coisa de grupos como o Designativista, que levantam e organizam de forma totalmente orgânica pessoas unidas por causas, revoltas ou somente com a necessidade de falar e comunicar. Está dentro de nós como organismos vivos e seres humanos que vivem a característica da sobrevivência, se seu papel e tuas armas são aquelas que não foram projetadas para tirar vidas, mas sim para salvá-las e resgatá-las do fundo do poço social e econômico. É dar vida a vozes silenciadas, a história sempre precisa ser revisitada, ela guarda, expõe e vai datar tudo isso que enfrentamos, juntos, unidos e fortes!

 

Se um dia, a história ensinou,

hoje ela é estória,

se um dia a vida fazia sentido,

hoje ela tem sentido.

JOTAPÊ é designer, professor, fotógrafo e arte educador; faz arte como método de ensino e orientação artística, produz para despertar novos olhares e formar novos artistas. Além de desenvolver trabalhos em linguagens distintas, é agente cultural com destacada atuação em Goiânia. Na FARGO 2021 colaborou com conteúdo, videomaker, ação educativa e fazedor de pão.

 

 

 

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